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    TRANSPLANTE ALOGÊNICO EM PACIENTES COM ANEMIA DE FANCONI: UMA REVISÃO DE LITERATURA

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    Objetivos: A anemia de Fanconi (AF) é uma condição hematológica marcadamente recessiva ligada a falência progressiva da medula óssea (FMO), e predispondo a neoplasias e anomalias congênitas. Diagnosticada na infância, o tratamento abrange: transfusão de hemocomponentes (manejo das citopenias), fatores estimuladores de colônias, profilaxia contra infecções e o transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas (aloTCTH). O aloTCTH é a única modalidade com potencial curativo e as principais complicações associadas são a falha na enxertia e a Doença do Enxerto contra Hospedeiro (DECH). A terapia gênica surgiu mais recentemente como uma opção terapêutica, embora ainda tenha caráter experimental. Tendo isso em vista, a presente revisão estuda a eficácia e a segurança associadas ao uso do aloTCTH na AF. Material e métodos: Foi realizada revisão de literatura nas bases Pubmed, Embase e Web of Science, utilizando os termos: “Fanconi Anemia”, “Allogeneic Transplantation”e “Hematopoietic Stem Cell Transplantation”. Foram encontrados 441 artigos nos últimos 10 anos, sendo 9 selecionados após aplicar os critérios de inclusão e exclusão. Resultados: O aloTCTH em pacientes com AF apresentou resultados excelentes: sobrevida geral em 5 anos de 90.4% e sobrevida livre de eventos (SLE) de 83.8%. Os principais fatores relacionados ao prognóstico são: idade de transplante, perfil citogenético e compatibilidade HLA. As indicações atuais para alloTCTH são: FMO, evidência de Síndrome Mielodisplásica (SMD) ou evidência de Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Em alguns casos com mutações de alto risco, como FANCD1/BRCA2, o aloTCTH preventivo pode ser aplicado, mesmo sem atender aos critérios para transplante. O doador de primeira escolha será um irmão HLA compatível, e a segunda opção, um doador não aparentado HLA compatível. Avanços nos regimes de condicionamento e nos protocolos de transplante, com a redução na dose de agentes alquilantes e de radiação, introdução de fludarabine nos protocolos e técnicas de depleção de células T receptoras, baseadas no uso de ciclofosfamida, foram associados a melhores resultados e prognóstico pós-transplante com redução na taxa de complicações, como falha na enxertia e DECH. Quanto a DECH, o uso de células tronco coletadas em sangue periférico foi relacionado a maiores taxas de DECH, enquanto o uso de técnicas de depleção de marcadores TCR+/CD19+ apresentou a relação oposta. Em pacientes que já evoluíram a uma SMD ou uma LMA, os resultados pós-transplante são mais heterogêneos e piores, com taxas de sobrevida global em 3 e 5 anos variando entre 33% e 88% em alguns estudos, com as mortes associadas principalmente a infecções e remissões. Discussão: O aloTCTH continua sendo a principal opção terapêutica na AF, sendo a única com potencial curativo, embora restrito a casos mais severos, com evidência de FMO severa, SMD ou LMA. Com a melhora dos protocolos de condicionamento e da seleção de doadores, as taxas de sobrevida apresentaram melhora importante, simultâneo à redução nas taxas de complicações e de falha no procedimento. Conclusão: Com a melhora dos protocolos de aloTCTH, essa modalidade terapêutica se consolidou como opção com melhor sobrevida geral e melhores resultados a longo prazo, embora ainda restrita a pacientes com quadros mais severos. Por isso, cabe ampliar os estudos de outras modalidades, como a terapia gênica ou o uso de andrógenos, de modo a melhorar o tratamento de pacientes não elegíveis ao aloTCTH

    RESGATE À BASE DE VENETOCLAX INDUZ MAIS RESPOSTA QUE 7+3 EM LMA NO SUS

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    Objetivos: O objetivo primário é reportar a taxa de mortalidade global aos 30 dias. Os objetivos secundários são avaliar a taxa de mortalidade aos 30 dias por tratamento e as taxas de mortalidade aos 60 dias, sobrevida global (SG), tempo para resposta completa (TRC) e duração da resposta RC (DRC), taxa de remissão completa à indução (RC), globais e por tratamento; bem como a taxa de RC ao resgate com esquema à base de venetoclax (VEN) e tempo para resposta com esquema à base de VEN no resgate. Métodos: Estudo retrospectivo, a partir da revisão de prontuário eletrônico, de 53 pacientes que foram sequencialmente diagnosticados com leucemia mieloide aguda (LMA) no Hospital Universitário de Brasília (HUB), entre novembro de 2018 e janeiro de 2024. Destes 10 foram excluídos devido ao diagnóstico de leucemia promielocítica aguda e 4 por terem linhagem ambígua. Resultados: Incluídos 39 pacientes, mediana de idade de 56,7 anos (18,4-88,4), 41% maiores de 60 anos e 54% masculino, 21% realizaram citorredução com hidroxiuréia; a indução foi feita com 7+3 (59%), ARAC SC (20,5%), azacitidina (2,4%) ou VEN+AZA (5,1%); 5,1% paliaram com hidroxiuréia e 7,7% apenas suporte. A mortalidade aos 30 dias foi 23% (9/39), sendo 22% (5/23) com 7+3 e 0 com VEN+AZA. A mortalidade aos 60 dias foi 36%, sendo 26% (6/23) com 7+3 e um óbito no VEN+AZA. A remissão completa foi 40% (12/35), sendo 47,8% (11/23) no 7+3, 12,5% (1/8) no ARAC SC e 100% no VEN+AZA. A mediana de tempo para RC foi 34 dias (29-189) no geral e no 7+3 (29-86) e 58 dias no VEN+AZA. A mediana de SG foi 4,7 meses (0,2 a 51,4 NA), sendo 10,5meses para o 7+3 (0,26-51,39 NA) e 6,3 meses (0,72 a 29) com ARAC SC. A CTG foi avaliável em 26/39, sendo o risco favorável 7,7%, intermediário em 69,2% e desfavorável em 23,1%. Das LMA, 16/23 (69,5%) (11/16 após 7+3 e 4/8 pós ARAC SC) resgataram com VEN-base com uma mediana de tempo para RC de 29 dias (18-44). A taxa de RC após resgate com VEN-base foi 63.6% (7/11) nos R/R ao 7+3 e 75% (3/4) nos R/R ao ARAC SC. Dos 14 pacientes com LMA R/R resgatados com VEN-base com CTG de risco intermediário ou alto, 10 entraram em RC (71,4%). Discussão: A alta taxa de mortalidade precoce é reportada em diversos centros nos países em desenvolvimento. Além disso, a falta de NGS no sistema público (SUS) limita a adequada estratificação de risco. Da mesma forma, no SUS o tratamento de indução com intenção de remissão é limitado ao 7+3. Nossa mortalidade precoce é alta de 23%, mas dentro do esperado na literatura (20-30%). A SG 5 anos com 7+3 varia na literatura de 30-40% (60-65 anos) a 40-50% (< 55 anos) com uma mediana de 34 meses e taxa de RC 70% com 7+3. No nosso serviço, tanto a mediana de SG quanto a taxa RC com 7+3 foram inferiores, respectivamente 10,5 meses e 47,8%. Conclusão: Somando-se a mortalidade precoce, a ineficiência do 7+3 e do ARAC SC num contexto de CTGs não favoráveis, o alto custo com LMA R/R e as excelentes e rápidas taxas de RC ao resgate baseado em VEN (maioria combinado a fluconazol e citarabinda) aparentemente superior ao 7+3 e ARAC SC, com 43,7% dos pacientes resgatados vivos, nos leva a questionar, no contexto do SUS em que o paciente chega muito comprometido pela doença de base e com infecções, se não seria mais eficiente trazer a quimioterapia à base de VEN para a primeira linha nos pacientes elegíveis e levá-los logo ao transplante e com menos toxicidade, mas também nos não elegíveis. São necessários estudos prospectivos no nosso contexto para avaliar essa hipótese

    EFFICACY AND SAFETY OF LUSPATERCEPT IN MYELODYSPLASTIC SYNDROME/NEOPLASM WITH VERY LOW/LOW/INTERMEDIATE RISK REQUIRED TRANSFUSION: A SYSTEMATIC REVIEW AND SINGLEARM META-ANALYSIS

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    Objective: Myelodysplastic syndrome (MDS) and myeloid neoplasms are hematological disorders characterized by abnormal blood cell production. Patients with very low, low, or intermediate-risk MDS/neoplasms often require regular red blood cell (RBC) transfusions to manage anemia. Luspatercept has been evaluated in several retrospective studies and randomized controlled trials as a promising treatment. However, the results of these studies have shown some discrepancies. Therefore, we conducted a systematic review and a single-arm meta-analysis to consolidate the current evidence on the efficacy and safety of luspatercept in the treatment of patients with very low, low, or intermediate-risk MDS/neoplasms who require regular RBC transfusions. Methods: Following PRISMA guidelines, we performed a systematic literature review and a meta-analysis. Our search strategy encompassed PubMed, Embase, and Cochrane Library databases, utilizing the key terms ’luspatercept’, ’myelodysplastic syndrome’. Efficacy outcomes included achieving transfusion independence for at least 8 weeks or longer (TI≥8) and hematological improvement-erythroid (HI-E) response as defined by the IWG 2006 criteria. Safety outcomes comprised adverse events. Data were summarized using pooled mean for continuous outcomes and pooled proportion for dichotomous outcomes, with 95% confidence intervals. I2 was used to assess heterogeneity. Statistical analyses were performed using R software, version 4.3.2. Results: Out of 940 initially identified studies, 11 were included in the final analysis, comprising a total of 1,069 patients. All patients required regular red blood cell transfusions. The follow-up periods were not specified. The mean age and gender distribution of patients were not mentioned in the given text. The pooled proportion for (TI≥8) was 40.5% (95% CI: 25.49-55.5%; I2 = 98%). The pooled proportion for (HI-E) response was 47.27% (95% CI: 35.21-59.33%; I2 = 90%), In the subgroup analysis, the prevalence of TI≥8 in the RCT group was 51.31% (95% CI: 25.14-77.47%; I2 = 96%), while in the real-world group, it was 28.10% (95% CI: 15.81-40.38, I2 = 81%). Most common AEs by pooled proportion were: gastrointestinal disorders, 11.07% (95% CI, 2.0-20.14%; I2 = 95%); fatigue, 8.85% (95% CI: 3.56-14.15%; I2 = 90%); cardiac events, 8.94% (95% CI: 4.57-13.31%; I2 = 88%); and nervous system disorders, 6.84% (95% CI: 1.43-12.24%; I2 = 86%). Discussion: Luspatercept demonstrated significant benefits in achieving transfusion independence and improving erythroid response, especially in patients for whom traditional stimulating agents were ineffective. However, real-world data indicated lower success rates compared to RCTs, likely due to treatment discontinuation and previous multiple drug use. Common adverse events included fatigue and nervous system, gastrointestinal and cardiac disorders. Despite limitations such as high heterogeneity and small sample sizes in some studies, Luspatercept's favorable safety profile and substantial benefits support its use in MDS patient management. Conclusion: This meta-analysis demonstrates Luspatercept's efficacy and safety in treating transfusion-dependent MDS patients with lower-risk disease. However, significant heterogeneity and differences between RCTs and real-world data necessitate cautious interpretation. Further prospective studies are needed to strengthen the evidence and fully assess Luspatercept's efficacy and safety profile
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